Angola e a República Árabe Saaraui Democrática (RASD) um casamento com fundo ideológico? Questionou um observador numa nota enviada à Rádio Luso Americana.
Em conflito com o Reino de Marrocos o Saara Ocidental tem como um dos seus principais apoiantes a República de Angola que a reconheceu desde 1979 após a proclamação da sua independência em 1976, subsequentemente após a retirada da ex-potência colonial espanhola.
O paradoxo é que Angola não consegue encarar com realismo a situação do conflito que o opõe ao povo de Cabinda nas mesmas condições que o Saara Ocidental, o direito dos dois povos à autodeterminação à luz do Direito Internacional.
Ora vejamos, em outubro do ano transato, para além de Angola reiterar o seu apoio ao Saara Ocidental defendeu negociações entre as partes em conflito o Reino de Marrocos e a Frente Polisario.
Numa intervenção no Comitê Especial de Politica e Descolonização das Nações Unidas, Maria de Jesus Ferreira, diplomata angolana, afirmou que a questão do Saara Ocidental “continua a merecer ” uma atenção especial por parte de Angola, por se tratar , segundo ela, do último Território Não Autônomo em África.
Desta feita Luanda apoia uma solução pacífica do conflito SAARA-MARROCOS esquecendo que, desde 1974, um conflito opõe seu próprio governo ao povo de Cabinda.
Todos os apelos da busca de uma solução pacífica e negociada deste conflito são regularmente ignorados pelos dirigentes angolanos privilegiando a via armada, a corrupção e pequenos arranjos que nunca trouxeram a paz ao território e às suas populações.
O problema de Cabinda está nos anais das Nações Unidas desde os anos 60 e a FLEC que luta pelos direitos do Povo de cabinda existe desde 1963 e sempre privilegiou o diálogo para a busca de uma solução tanto com a potência colonizadora “Portugal” como com “Angola” força neocolonizadora atual.
Antes de encorajar outros beligerantes a buscar soluções aos seus diferendos, Angola faria melhor se primeiro buscasse uma solução pacífica ao conflito no território de cabinda e pusesse um termo à repressão política contra o povo de Cabinda.
Sobre a situação vigente em Cabinda, Portugal não deixa de ser o principal responsável por não ter sabido descolonizar as suas antigas possessões em África.
O povo saaraui tem todo o direito de lutar pelos seus direitos e buscar os apoios para a defesa da sua causa, assim como o povo de
Cabinda também tem o mesmo direito à sua liberdade; concluiu aquele observador independente.