O Memorando de Entendimento para Cabinda assinado em 2006 pelo governo angolano e uma fação da Flec em Cabinda é manobra política desavergonhada e completamente desrespeitosa dos Cabindas e dos seus interesses, pois o Estatuto Especial de Cabinda outorgado pelo governo foi uma casca vazia e não foi reconciliador, declarou o Bloco Democrático.
O que não deve continuar é o sofrimento do povo de Cabinda! Não se pode deixar arrastar a situação que prevalece em Cabinda. A guerra continua em Cabinda e a solução de acabar com ela através da política de operações militares cegas, da compra de consciência, da cooptação de quadros, da corrupção da juventude, etc., não resultou já lá vão quase 50 anos. A inteligência política aconselha a mudar de atitude perante o conflito e a decorrente situação política de Cabinda.
Uma nova atitude começa com uma mudança de estado de espírito que permita a colocação do problema sem preconceitos e a busca de uma nova política que seja eficaz e justa; eficaz para o Estado angolano e justa para o povo de Cabinda. A ordem em Cabinda continua a ser a ordem do canhão. A guerra prevalece, com ações de guerrilha e de contra guerrilha com todos os inconvenientes prejuízos materiais e indesejáveis horrores humanos. Sempre que os guerrilheiros desenvolvem as suas ações, os camponeses e jovens são impedidos de circular e de aceder aos seus campos de cultivo.
A intolerância cresce, as prisões também e a tortura é prática corrente. Prova disso, é que recentemente foram presas 42 pessoas, de forma absolutamente arbitrária e ilegal, sem mandado de detenção, porque estavam reunidas, num seminário de formação sobre “Serviços comunitários e resolução de conflitos”. Uma Acão promovida por uma organização das Nações Unidas e que já tinha tido lugar no Gana, na RDC e no Congo (Brazzaville). Passado alguns dias foram soltas 37 pessoas, sem devolução dos seus pertences, nem justificação do porquê da prisão. O que é uma certeza, cuja evidência ressalta da situação podre actual, é que a política mantida até agora falhou! Reiterou aquela organização política angolana também membro da Frente Patriótica Unida de Angola.
A pobreza em Cabinda é tão acentuada a população vive a baixo de 1$ por dia.
- Não consigo comprar pelo menos 1kg de peixe do mar por dia para alimentar a minha família. É triste e lamentável ver que as riquezas deste povo sejam desviadas e levadas para outras paragens sem nenhuma compensação para os nativos do território.
Lamentou um pai de família a Rádio Luso Americana.