O 25 de Abril de 1974 marcou uma viragem histórica na nação portuguesa que, na altura, era potência colonial de vários territórios em África, nomeadamente, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Angola e Cabinda.
Mas se em Portugal esse levantamento dos capitães, também chamado de revolução dos cravos, pôs fim à ditadura salazariana, introduzindo a democracia no país, e, se a mesma revolução abriu o abcesso da colonização, de que padeciam Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo Verde, Cabinda herdou infelizmente a desgraça de ser anexado injustamente a Angola.
O que se passou foi que, a dita evolução trouxe os socialistas no poder em Portugal. E como um dos objectivos dessa revolução era mesmo de tirar o país do marasmo sócio-económico e político por que passava, havia também necessidade de acabar com a guerra nas colónias, consideração que ditou a concessão das independências à essas colónias.
Não é segredo para ninguém, que o regime socialista que acabava de se instalar jogou um papel preponderante na distribuição do poder nessas colónias, ao entregar todos os países ora libertos nas mãos dos movimentos de libertação de orientação socialista. No caso de Angola, o MPLA viu se literalmente empurrado no poder em, detrimento dos dois outros movimentos, que não eram socialistas.
Apesar de estar também envolvido na luta anti-colonial, Cabinda não foi tido nem achado por duas razões fundamentais :
1 - A luta de libertação em Cabinda carecia de um movimento de orientação marxista. A Flec não o era.
2 - Os ricos recursos naturais, que abundavam e ainda abundam em Cabinda, tinham que ficar, a todo custo, no campo socialista.
Pelo que a decisão dos socialistas portugueses foi muito simples: entregar Cabinda a Angola para conservar os seus recursos na família ideológica.
Assim se explica o drama do povo de Cabinda, que, infelizmente, nasceu na maldita revolução de 25 de Abril de 1974, em Portugal.
Pastor Afonso Justino Waco